sábado, 6 de fevereiro de 2010

AMAZONIA BLOGOSFERA AS NOVAS REDES

Desbravador da blogosfera
Fábio Malini, professor e blogueiro,
coordena a pesquisa Cartografia da blogosfera brasileira.
Na foto, ele está na sala de aula da Universidade

Eles venceram onde projetos de sucessivos governos fracassaram ao longo da história do Brasil. Sem sair de casa, com um computador e uma conexão de internet tão ruim que é conhecida por “ciponet” ou “interlerda”, homens e mulheres de idades variadas vêm conseguindo integrar a Amazônia às demais regiões do Brasile ao mundo.

Um número cada vez maior de blogueiros tem usado a rede para contar histórias de uma terra que, pela distância, muitas vezes só virava notícia quando era tarde demais. Denunciam desmatamentos, filosofam sobre o cotidiano, fazem literatura, discutem religião, aproximam geografias. Ao botar uma lupa sobre seu quintal, tornam-se cidadãos do mundo. Sua ação transforma o modo de olhar para a Amazônia e também a forma como a Amazônia olha para as muitas partes de si mesma.

Numa pesquisa inédita, Cartografia da blogosfera no Brasil, Fábio Malini, professor da Universidade Federal do Espírito Santo, mostra que essa conquista da Amazônia é recente. Sua equipe analisou 300 blogs em quatro capitais: Belém, no Pará, Manaus, no Amazonas, Rio Branco, no Acre, e Macapá, no Amapá. Promoveu ainda encontros em Porto Velho, Rondônia, e Boa Vista, Roraima. Concluiu que quase 90% dos blogueiros da Região Norte fincaram sua bandeira entre 2007 e 2009. Possivelmente devido às dificuldades de acesso: segundo dados do Comitê Gestor da Internet no Brasil, até 2008 apenas 7% da população do Norte tinha acesso à internet em casa, em comparação a 25% no Sudeste.

O blog foi o primeiro gênero de expressão nascido na internet – e não adaptado para ela. Ele tem o espírito libertário da rede, onde qualquer um pode se manifestar. Os blogs ampliaram a diversidade de olhares sobre o mundo e contribuíram para disseminar informações nos regimes mais fechados. Sua força foi provada em países autoritários, como Cuba e Irã, quando blogueiros foram decisivos para furar o bloqueio da comunicação.

É verdade que não dá para confiar em tudo o que os blogs publicam. Há blogueiros que tentam substituir a atividade de jornalistas sem assumir os deveres correspondentes. Tanto no que se refere à apuração e checagem rigorosa das informações, quanto à responsabilidade por publicá-las. Também é fato que a própria rede tem elementos que podem ajudar a resolver esse problema. Construir reputação e credibilidade na blogosfera é uma tarefa árdua. Quando um blog deixa de ser linkado e comentado por não ter compromisso com a verdade, é um tipo de morte. Se esse mecanismo bastará para garantir a ética na internet, é algo ainda incerto. Mas é impossível, hoje, falar em comunicação sem levar em conta os blogueiros – e em nenhum lugar do país isso é tão claro quanto na Amazônia.

Lá, eles assumiram o papel de divulgar informações e pontos de vista que até então não circulavam nem dentro da região, menos ainda fora. Realizaram a façanha de romper a barreira geográfica. G1

Um comentário:

  1. Essa questão do crescimento da blogosfera e da twitosfera da Amazônia é mesmo um tema que merece realmente um estudo. Eu conheci o Fábio Malini na oficina de blogueiro que ele ministrou aqui em Boa Vista (RR)e providenciei um encontro relâmpago de blogueiros para discutir a blogosfera roraimense. Foi um momento muito legal. O Malini é um estudioso do tema e certamente está fazendo um grande trabalho. (www.luizvalerio.blogspot.com)

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